10 novembro 2011

Viagem sem fim


Missão: Marte. Foram 520 dias de uma viagem espacial como tantas outras; três russos, um francês, um italiano e um chinês, todos juntos, tumultuando o espaço sideral numa aventura das mais radicais, subindo e descendo no impulso da gravidade. É certo que os nossos astronautas passaram a maior parte do tempo dentro da nave, enfiados em cápsulas minúsculas. Mesmo assim, terão eles conseguido desvendar algum mistério escondido no Planeta Vermelho? Não. O que interessava mesmo era saber o resultado dessa salada russa de temperos tão exóticos, numa viagem que... nunca aconteceu.
 
Afinal, tudo não passou de uma simulação, um experimento realizado nas proximidades de Moscovo, num tal projeto Mars500, do Instituto de Problemas Biomédicos da Rússia, em parceria com a Agência Espacial Europeia. O objetivo era testar a capacidade física e mental dessas cobaias, quando fechadas num espaço reduzido, tendo em vista uma futura viagem interplanetária de longa duração. É interessante, porque o homem aprendeu e aprimorou as técnicas de confinamento de animais para seu sustento e agora estuda as melhores formas de resistir à reclusão dele próprio.

A realidade nua e crua é que vivemos confinados há muito tempo. As famílias fecham-se cada vez mais em suas casas e as crianças já nem dos quartos saem, porque dispõem lá de tudo o que precisam para não ter de brincar ao ar livre. A nossa resistência ao confinamento é testada todos os dias. Andamos no limite do estresse e da depressão. Do experimento, sabemos que os três russos, o francês, o italiano e o chinês conseguiram se suportar, na medida do possível. A gente aqui fora vai também se suportando da forma que der, até a concretização dessa viagem... a Marte ou a outro planeta.

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