A visão da cerimônia de abertura do Rio 2016, na favela da Mangueira.
Foi absolutamente espetacular, emocionante, arrebatador... maravilhoso! Talvez a melhor cerimônia de abertura já realizada em uma Olimpíada. Quando só se falava em caos, num país meio à deriva, em busca de novo rumo, onde até a tocha olímpica teve dificuldade para circular nas ruas, enfrentando protestos e ventos contrários, correndo o risco de se apagar, o Rio 2016 brindou o mundo com algo inesquecível. Até o roteiro deste filme magnífico se encaixou divinamente no protagonista de última hora, escolhido para deixar acesa a chama do Maracanã. Se Pelé, o atleta do século passado, hoje com menos saúde, não pôde ser o último a transportar a tocha olímpica, o seu substituto, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, foi, sem dúvida, um digno representante deste incrível Brasil de contrastes, entre a realidade, por vezes cruel, o jeitinho diferente de viver, a ficção, o sonho e a visão... de um destino melhor... da cidade maravilhosa.
E olha que coisa mais linda, mais cheia de graça... é ela, menina que vem e passa... a coisa mais linda que eu já vi passar... ah, se ela soubesse que quando ela passa o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais lindo por causa do amor! Que visão foi aquela das passadas estupefacientes de Gisele Bündchen como Garota de Ipanema? E a viagem de Santos Dumont no seu avião, assim, à vista de todos, voando... como em 1906? Ficção ou realidade? E as luzes que recriaram as batidas do mar, trazendo... a surpresa, das caravelas, para os índios... a surpresa, de um mundo novo, para as caravelas? As mesmas luzes que deram vida às florestas da Amazônia, também abriram clareiras com o desmatamento, ligaram escravos a correntes, trouxeram gente de todas as raças, deram cor a um país... colorido... de sonho... criatividade... cultura... samba... música... de Tom Jobim, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho...
O Brasil é também um país de esporte... de Pelé, de Oscar e Hortência, dos irmãos Grael, de Jacqueline e Sandra, de Guga, de Ademar Ferreira e João do Pulo, de... Vanderlei Cordeiro, aquele mesmo que, em 2004, se viu no pódio com a medalha de ouro ao peito, o povo em delírio cantando o nome de um novo herói, o homem da maratona, ainda por cima em Atenas, o berço dos Jogos Olímpicos. Mas o destino foi cruel, quando, perto da glória e longe dos principais adversários, se viu arrastado para fora da pista de corrida por um tresloucado espectador, talvez enviado por Hades, o Deus grego dos mortos e do inferno. Mas se existe um Deus brasileiro como dizem, deve ser o da perseverança, aquele que faz acreditar no dia de amanhã. Ultrapassado, Cordeiro de Lima não desistiu e correu pela prata, de sorriso no rosto, o mesmo de ontem ao acender a pira olímpica, um retrato visto em todo o planeta, o de um povo que merece ser feliz.
Alguns dos protagonistas da noite: Vanderlei Cordeiro, Santos Dumont e Gisele Bündchen.
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