24 novembro 2011

Um pingo por um barril

globo.com

Parece que está quase contido o vazamento de petróleo em águas brasileiras, a 120 km do litoral do Estado do Rio de Janeiro. Duas semanas depois do alarme, talvez o assunto mais debatido seja agora o valor da multa que a empresa norte-americana Chevron terá de pagar por danos causados. Considerando o que determinam as leis federais e estaduais do país, tais valores poderão chegar a R$ 260 milhões. Numa companhia que fatura R$ 960 milhões por dia, essa multa será, sem dúvida, um pingo num oceano. O mesmo oceano que um dia não suportará mais tantas manchas de óleo em suas águas.

Uma das multas aplicadas à Chevron veio da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e foi de R$ 50 milhões. Esta que é a 5ª maior empresa de energia no mundo, simplesmente não dispunha de equipamento adequado para executar o Plano de Emergência que ela garantia ter capacidade de cumprir. No Golfo do México não foi diferente. A BP, outra empresa poderosa, se viu impotente para conter o vazamento diário de 12 a 25 mil barris de petróleo, no maior desastre ambiental da história dos EUA. Um ano depois, ela só conseguiu limpar apenas 10% do que derramou.

Não resta a menor dúvida que essas empresas, sendo verdadeiros colossos na prospecção e extração de petróleo, investem muito pouco em tecnologia de prevenção contra acidentes. Para elas, fica bem mais barato pagar por esses danos ambientais. A um pingo de real (R$) em multa, respondem com um barril de petróleo espalhado no mar. Portanto, a grande questão é saber como proteger o mundo de situações como estas. Não podendo contar com a sensibilidade ecológica das empresas petrolíferas, o que nos resta é acreditar no trabalho responsável dos órgãos de controle dos países produtores.

18 novembro 2011

Morto vivo

Folha.com

Mar Morto. Quem não se lembra da bonita imagem de um turista flutuando deitado naquelas águas, enquanto lia um jornal? Infelizmente, tudo isso poderá ser apenas mais uma história, das muitas já contadas. Cleópatra, por exemplo, não lhe bastava ser a rainha do Nilo. Tinha também de cobiçar lago alheio. Volta e meia, lá estava ela, buzinando no ouvido do apaixonado general romano, Marco Antônio, para este se apossar da região. Queria, porque queria, ser só ela a usufruir do poder terapêutico das lamas negras que lá havia. Agora, o Mar Morto pode estar quase... morto.

A certeza é que o Mar Morto está cada vez mais curto. E como a chuva é coisa rara na região, sua fonte vai também secando aos poucos. O rio Jordão já não consegue alimentá-lo como nos bons tempos. Mas aí, verdade seja dita, com a excessiva quantidade de terras agrícolas para irrigar, pouca água segue adiante. Por outro lado, medidas de recuperação desse patrimônio mundial esbarram, quase sempre, nas disputas históricas por território, envolvendo Israel, Jordânia e Palestina. Assim, se tudo vier a depender de um acerto político entre eles, talvez o cenário previsível seja mesmo o fim.

A morte pode começar com o desaparecimento da vida desse lago. Os organismos microscópicos que, até hoje, têm sobrevivido a ambiente tão salgado, são agora o principal foco das pesquisas científicas. Suspeita-se que muitos segredos ainda não foram desvendados. Pode ser que existam lá mais espécies além das que se conhece. Portanto, fiquemos atentos ao que a ciência nos dirá proximamente. Há tempos, cientistas da região garantiram que as leis da física seriam suficientes para reequilibrar o sistema. Quem sabe eles tenham mesmo razão e o Mar Morto possa continuar... vivo! 

Lendo um jornal no Mar Morto. Até quando? 

10 novembro 2011

Viagem sem fim


Missão: Marte. Foram 520 dias de uma viagem espacial como tantas outras; três russos, um francês, um italiano e um chinês, todos juntos, tumultuando o espaço sideral numa aventura das mais radicais, subindo e descendo no impulso da gravidade. É certo que os nossos astronautas passaram a maior parte do tempo dentro da nave, enfiados em cápsulas minúsculas. Mesmo assim, terão eles conseguido desvendar algum mistério escondido no Planeta Vermelho? Não. O que interessava mesmo era saber o resultado dessa salada russa de temperos tão exóticos, numa viagem que... nunca aconteceu.
 
Afinal, tudo não passou de uma simulação, um experimento realizado nas proximidades de Moscovo, num tal projeto Mars500, do Instituto de Problemas Biomédicos da Rússia, em parceria com a Agência Espacial Europeia. O objetivo era testar a capacidade física e mental dessas cobaias, quando fechadas num espaço reduzido, tendo em vista uma futura viagem interplanetária de longa duração. É interessante, porque o homem aprendeu e aprimorou as técnicas de confinamento de animais para seu sustento e agora estuda as melhores formas de resistir à reclusão dele próprio.

A realidade nua e crua é que vivemos confinados há muito tempo. As famílias fecham-se cada vez mais em suas casas e as crianças já nem dos quartos saem, porque dispõem lá de tudo o que precisam para não ter de brincar ao ar livre. A nossa resistência ao confinamento é testada todos os dias. Andamos no limite do estresse e da depressão. Do experimento, sabemos que os três russos, o francês, o italiano e o chinês conseguiram se suportar, na medida do possível. A gente aqui fora vai também se suportando da forma que der, até a concretização dessa viagem... a Marte ou a outro planeta.

05 novembro 2011

Balanço do Pan 2011

Fim dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, tempo de balanço. Quantas medalhas foram conquistadas? Daquelas perdidas por alguma infelicidade não vale a pena grandes comentários. O esporte é assim, por vezes cruel. O que conta realmente são as grandes vitórias e disso as estatísticas mostram um Brasil cada vez mais firme como a 3ª potência das Américas. Os EUA são os primeiros, sempre foram e deverão continuar assim no que resta deste século. Com mais 10 medalhas de ouro que o Brasil, o 2º posto de Cuba já dá que pensar, por ser um país tão pequeno.

Não significa que os meninos cubanos tenham mais jeito que os brasileiros para a prática esportiva. Nada disso! Ninguém duvida que os daqui têm o esporte no sangue. O que falta são os incentivos. Mas não aquele incentivo sádico, que desgasta um atleta muito antes dele subir nos grandes palcos. Quando alguém, quase sempre tardiamente, descobre um talento para determinada modalidade, seria lógico imaginar que, ao nosso herói, lhe bastaria apenas treinar até à exaustão para se aproximar do ouro olímpico. Não é o que acontece. Exausto ele fica sim, mas é por ter de correr atrás de patrocínios.

Se o Brasil ganha hoje mais medalhas que há 10 ou 20 anos atras, talvez algo esteja mudando, para melhor. Mas certamente ainda é pouco. Um talento, em qualquer modalidade, deve ser descoberto na escola e não por um acaso do destino. E é precisamente aí, na escola, que ele deve ser incentivado, porque se trata de alguém especial. Assim acontece nos EUA e também em Cuba. Aqui, estudos e prática esportiva ainda buscam um entendimento. Quantos pais tiveram que escolher entre manter seus filhos na escola ou sacrificar o gosto e o talento deles para a prática do esporte?

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