Ask Nature
O Deserto do Namibe, no sudoeste do continente africano, é famoso por ter as dunas mais altas do mundo. A sua extensa área no litoral, em contato com o Oceano Atlântico, também conhecida como a "Costa dos Esqueletos", já testemunhou muitos naufrágios e mortes. A aridez daquele lugar torna a vida quase impossível. Mesmo assim, alguns animais conseguem sobreviver lá. Entre eles está um pequeno besouro com muito para ensinar. Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) perceberam isso e estudaram muito bem as suas características tão peculiares.
No difícil jogo da sobrevivência, o Besouro do Namibe (Stenocara gracilipes) seria facilmente derrotado pelos dias tórridos de uma das regiões mais quentes e secas do planeta. Mas durante a noite, e até de madrugada, a situação muda de figura. É quando ventos fortes trazem do Atlântico pequenas massas de nevoeiro. Naquele preciso instante, o nosso besouro está já posicionado em algum ponto do deserto, trabalhando arduamente para matar a sede. Na sua carapaça, pequenas saliências atraem minúsculas gotículas da água existentes nesse ar úmido e fazem-nas deslizar até a boca.
Essas gotículas de água são muito pequenas. O seu diâmetro é menor que o de um fio de cabelo. Portanto, seriam facilmente levadas pelo vento. Mas o besouro carrega nas costas um eficiente coletor de umidade. Se, num primeiro momento, capta esses vapores de água que circulam no ar, logo de seguida, usa microcanais para levá-los onde melhor lhe convém. Foi o que inspirou os cientistas do MIT, pensando numa forma de ajudar aqueles que, diariamente, lutam para conseguir um pouco de água potável. E nem precisaram inventar muito. Apenas usaram telas de malha fina em vez da tal carapaça do besouro.
A natureza ensina os caminhos para se fazer um coletor de umidade